11Mai

Em tempos de ruído, confusão e manipulação, o jornalismo deve ser a bússola que orienta a sociedade rumo à verdade. Mas em Angola — e em muitos países africanos — ser jornalista é, ainda hoje, um ato de coragem. Não apenas por aquilo que se diz, mas pelo simples fato de ousar dizer.

A história do jornalismo em África está profundamente ligada aos processos de libertação, resistência e reconstrução nacional. Durante as lutas contra o colonialismo, os jornais clandestinos, os panfletos e as vozes dissidentes foram fundamentais para despertar consciências e unir os povos. Em Angola, essa herança é viva. Muitos comunicadores foram também combatentes — não com armas, mas com palavras afiadas como lanças.

No entanto, após a independência, muitos desses espaços foram cooptados. O Estado tornou-se o maior patrão da informação. As redações transformaram-se em corredores de silêncio ou repetição. O medo substituiu a ousadia. A censura — agora disfarçada de lealdade institucional — passou a ditar os limites daquilo que se pode ou não publicar.

Hoje, Angola vive um paradoxo: por um lado, possui instituições democráticas, Constituição que garante a liberdade de imprensa e um setor mediático em expansão; por outro, a realidade mostra jornalistas pressionados, perseguidos ou intimidados. O que é dito nos bastidores nunca chega à manchete. O que o povo sente raramente se ouve no noticiário.

Mas nem tudo está perdido. Há sinais de esperança.
Há jovens jornalistas que escolhem a verdade, mesmo quando ela custa o silêncio de uma carreira. Há meios digitais independentes a crescer, a desafiar a narrativa única. Há comunidades a redescobrir o poder da rádio local. E há cidadãos atentos, prontos para apoiar quem decide informar com coragem e ética.

O grande desafio do jornalismo angolano não é apenas enfrentar o poder político — é resgatar a confiança do povo. Para isso, é preciso compromisso com a verdade, formação contínua, espírito crítico e, acima de tudo, independência moral.

Não basta informar. É preciso formar.
Não basta falar. É preciso despertar.
Não basta estar presente. É preciso resistir.

O jornalista, em Angola e em África, não pode ser apenas um funcionário. Ele deve ser um guardião das consciências, um construtor de liberdade, um espelho da dignidade popular.

Que a nova geração de jornalistas não se deixe comprar, calar ou manipular. Que escreva com coragem, investigue com rigor e fale com responsabilidade. Porque enquanto houver verdade para ser dita, haverá sempre uma missão a cumprir.