A agricultura africana, um dos pilares fundamentais para a segurança alimentar do continente, volta a ganhar destaque com a recente valorização do setor na África do Sul. O país, que possui uma das agriculturas mais desenvolvidas de África, tem registrado sinais positivos de recuperação e crescimento, tornando-se referência num momento em que várias economias africanas procuram alternativas à dependência das importações.
Segundo os dados divulgados pelo Banco Central da África do Sul, a confiança dos agricultores e investidores do setor agrícola aumentou no segundo trimestre de 2025, impulsionada por boas colheitas, estabilidade climática relativa e exportações mais consistentes. A produção de milho, uva e frutas cítricas continua a ser destaque, assegurando o lugar do país como um dos maiores exportadores agrícolas do continente.
Este desempenho reflete não apenas a resiliência do setor agrícola sul-africano, mas também uma tendência mais ampla em África: a procura por fortalecer a produção local para reduzir a vulnerabilidade diante das flutuações internacionais. Países como Gana, Nigéria e Quênia já demonstram interesse em adotar modelos semelhantes, investindo em irrigação, mecanização e tecnologias de cultivo.
Além disso, a agricultura é vista como um dos maiores empregadores do continente. Na África do Sul, mais de 800 mil empregos diretos e indiretos dependem deste setor, enquanto, em escala continental, estima-se que mais de 60% da população africana viva da agricultura de subsistência ou comercial. Assim, a recuperação e valorização da agricultura sul-africana têm impacto simbólico e prático: ela inspira outros países a apostar mais fortemente na terra e na produção local.
Contudo, os desafios permanecem. Questões ligadas à reforma agrária, ao acesso desigual à terra e às mudanças climáticas continuam a ser obstáculos significativos. A seca em algumas províncias sul-africanas e os altos custos de produção ainda preocupam os pequenos agricultores. Mesmo assim, o setor demonstra que, com políticas consistentes e apoio técnico, a agricultura pode ser a chave para o crescimento econômico sustentável e para a soberania alimentar africana.
O renascimento agrícola da África do Sul acontece num momento crucial, em que os debates internacionais sobre segurança alimentar e cadeias globais de abastecimento voltam ao centro da geopolítica. Para o continente africano, trata-se de uma oportunidade de transformar a sua posição no mundo: de simples consumidor e importador, para fornecedor estratégico de alimentos e produtos agrícolas.