17Jun

Europa, Ásia e África anunciam compromissos multilaterais para conter poluição, proteger costas e promover resiliência climática

Realizada em Nice, França, em junho de 2025, a Conferência das Nações Unidas para o Oceano reuniu líderes de mais de 100 países, organizações internacionais, cientistas e ativistas climáticos com o objetivo de enfrentar a crise ambiental marinha.
No centro do encontro estiveram as mudanças climáticas, a poluição por plástico e o impacto nas comunidades costeiras, especialmente em países em desenvolvimento.

A conferência resultou em compromissos financeiros concretos, totalizando mais de 4,5 mil milhões de euros em promessas de apoio.

Os principais compromissos anunciados

Banco Europeu de Investimento + Banco Asiático de Desenvolvimento:
Anunciaram um fundo de 3 mil milhões de euros para ações contra a poluição por plásticos nos oceanos, incluindo apoio a cidades costeiras na Ásia e África.

França e Guiné:
Firmaram um pacto de 119 milhões de euros para projetos de resiliência costeira na África Ocidental, incluindo restauração de manquejais, realocação de comunidades e sistemas de alerta precoce.

União Europeia + Costa Rica e países mediterrâneos:
Compromisso de entre 1,8 a 2 milhões de euros para a criação de novas áreas marinhas protegidas, como parte da meta de proteger 30% dos oceanos até 2030.

África em foco: vulnerável, mas estratégica

Embora não tenha sido a principal anfitriã do encontro, África esteve no centro das discussões, tanto como território vulnerável quanto como parceira-chave para projetos ambientais.

Muitos países do continente enfrentam:

Subida do nível do mar, com ameaça direta às zonas urbanas costeiras;

Poluição intensa por plástico e óleo, com baixo controle de resíduos urbanos;

Falta de financiamento climático local, que impede ações sustentadas.

Líderes africanos exigiram acesso direto aos fundos ambientais multilaterais, sem burocracia imposta por países do Norte, e com prioridade para soluções africanas baseadas em saberes locais.

Um passo real ou apenas promessas?

Apesar da força simbólica dos anúncios, organizações ambientalistas lembram que muitos compromissos feitos em cúpulas anteriores não foram cumpridos. A questão central é se os valores prometidos chegarão efetivamente às comunidades locais, ou ficarão retidos em sistemas multilaterais lentos.

O desafio será transformar promessas em:

  • Infraestruturas verdes concretas;
  • Educação ambiental sustentável;
  • Fiscalização de grandes poluidores industriais.
Reflexão final

A Conferência do Oceano da ONU foi mais do que um encontro diplomático foi um alerta planetário.
O mar já não separa continentes: une urgências.
A proteção dos oceanos não é um luxo, é condição para o futuro da vida no planeta.
Cabe agora aos países, especialmente os africanos, garantir que os fundos prometidos não virem espuma mas raízes de mudança.