A guerra entre a Rússia e a Ucrânia entra numa nova e perigosa fase. Nos últimos dias, tropas russas avançaram significativamente em direção à região de Dnipropetrovsk, após consolidarem posições na fronteira ocidental de Donetsk, conforme anunciou o Ministério da Defesa da Federação Russa.
Este novo avanço representa uma mudança estratégica no conflito, provocando não apenas respostas militares diretas, mas também preocupações geopolíticas profundas em toda a Europa Oriental.
Avanço territorial e pressão sobre Kiev
Segundo as autoridades russas, a 90.ª Divisão de Tanques chegou às proximidades de Dnipropetrovsk, região até então relativamente preservada da linha de frente. Paralelamente, intensificaram-se os ataques aéreos e por drones sobre as regiões de Kharkiv, Sumy, Kherson e até áreas mais ocidentais da Ucrânia.
Este avanço obrigou mais de 200 localidades a evacuarem os seus habitantes nas últimas 72 horas. A cidade de Sumy, que havia sido retomada pela Ucrânia em 2022, está novamente sob ameaça direta.
Reação da Polónia e alerta na OTAN
Com os bombardeios a atingirem áreas mais próximas da fronteira ocidental, a Polónia ativou o alerta aéreo e mobilizou caças militares para reforçar o seu espaço aéreo.
Especialistas da OTAN classificaram os acontecimentos como “potencial risco de escalada regional”, uma vez que qualquer violação territorial em países membros pode abrir caminho para resposta militar coletiva.
Controvérsia diplomática: cadáveres como moeda de pressão
Além do avanço militar, o conflito adquire contornos ainda mais sombrios. O governo de Kiev acusou a Rússia de usar a troca de corpos de soldados mortos como instrumento político. Moscovo, por sua vez, insiste que só haverá qualquer diálogo se Kiev reconhecer os “novos territórios russos como realidades inegociáveis”.
O impasse diplomático agrava-se, tornando qualquer tentativa de negociação cada vez mais distante.
Crise humanitária em crescimento
A nova fase da guerra resultou em milhares de deslocados internos, destruição de infraestruturas civis e colapso dos sistemas de água, energia e saúde em regiões como Donetsk, Sumy e Kherson.
Organizações humanitárias alertam para uma nova vaga de refugiados, com necessidade urgente de corredores humanitários, ajuda alimentar e proteção a crianças e idosos.
Reflexões e implicações globais
O avanço russo não afeta apenas a Ucrânia.
Ele reativa o debate sobre:
- Segurança e soberania nacional na Europa Oriental;
- O papel da OTAN e dos Estados Unidos frente ao prolongamento do conflito;
- E o risco real de um confronto mais amplo, envolvendo diretamente países vizinhos.
Para países africanos, como Angola, a guerra continua a impactar o comércio internacional, os preços dos combustíveis e a segurança alimentar, tornando este um conflito distante apenas geograficamente mas não economicamente.
Conclusão
A ofensiva russa em Dnipropetrovsk marca mais do que um avanço territorial. Marca a intensificação de uma guerra que parece longe do fim, cada vez mais brutal, cada vez mais desumana.
Entre diplomacia bloqueada, uso político da morte e sofrimento civil crescente, a Ucrânia resiste e o mundo assiste, dividido entre a solidariedade e a paralisia.