Acra – O Gana enfrenta uma nova onda de tensões sociais e políticas, marcada por protestos populares contra as medidas de austeridade implementadas pelo governo do presidente Nana Akufo-Addo. A população, já fragilizada pela alta do custo de vida, reage de forma contundente às decisões que envolvem aumento de impostos e cortes orçamentários, impostos como parte do programa de resgate econômico negociado com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na semana passada, milhares de cidadãos saíram às ruas de Acra e outras grandes cidades, denunciando aquilo que consideram uma “política de sacrifício imposta ao povo”. Entre os alvos principais das críticas estão o novo imposto sobre transações eletrônicas (E-Levy) e os aumentos sobre combustíveis e produtos de primeira necessidade.
Contexto econômico delicado
O Gana, considerado até há pouco tempo um dos países mais promissores da África Ocidental, atravessa sua pior crise econômica em duas décadas. A inflação ultrapassou os 30%, a moeda local o cedi perdeu grande parte do seu valor frente ao dólar, e a dívida pública atingiu níveis críticos.
Em 2023, o governo obteve um resgate financeiro do FMI, no valor de US$ 3 bilhões, em troca de reformas estruturais e disciplina fiscal. Esse pacote, porém, trouxe medidas impopulares que hoje alimentam a contestação social.
Reações políticas e sociais
A oposição, liderada pelo National Democratic Congress (NDC), acusa o governo do Novo Partido Patriótico (NPP) de “incompetência e má gestão”, lembrando que o Gana já havia sido considerado modelo de estabilidade democrática e crescimento na região.
Sindicatos, associações de estudantes e organizações da sociedade civil também engrossaram os protestos, advertindo que a austeridade poderá aumentar o desemprego e reduzir ainda mais o poder de compra da população.
Perspectivas para 2025
O país caminha para eleições presidenciais em dezembro de 2024, o que aumenta a sensibilidade política em torno do tema. O NDC aposta no ex-presidente John Dramani Mahama como principal candidato da oposição, enquanto o NPP tenta manter-se no poder após dois mandatos de Akufo-Addo.
A tensão econômica, somada ao clima eleitoral, coloca o Gana sob os holofotes internacionais, servindo também de alerta para outros países africanos que dependem de apoio financeiro externo.