A Argélia deu um passo histórico rumo à integração econômica continental ao anunciar a sua adesão ao Pan-African Payment and Settlement System (PAPSS), um sistema pan-africano de pagamentos e liquidações desenvolvido sob a liderança da African Export-Import Bank (Afreximbank) e em parceria com a Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA).
O PAPSS é considerado uma das ferramentas mais inovadoras do continente, permitindo que transações comerciais entre países africanos sejam feitas em moedas locais, sem a necessidade de conversão em dólares ou euros, o que representa uma verdadeira revolução no comércio intra-africano.
Um avanço estratégico para a economia argelina
Com a adesão, a Argélia passa a integrar oficialmente um mercado financeiro moderno que reduz custos de transação, facilita a rapidez das trocas comerciais e diminui a dependência do sistema financeiro internacional. Isso não apenas fortalece sua economia, mas também posiciona o país como um ator-chave na construção de uma África financeiramente soberana.
O Ministro das Finanças da Argélia destacou que a entrada no PAPSS está em linha com a visão estratégica de diversificação da economia argelina, reduzindo a dependência do petróleo e abrindo espaço para maior dinamização de setores como indústria, agricultura e serviços digitais.
Benefícios para o continente africano
A adesão argelina não é apenas uma vitória nacional, mas também continental. A inclusão de um dos países mais influentes do Norte da África fortalece o projeto de integração econômica da União Africana, que busca, através do AfCFTA, criar o maior mercado comum do mundo em número de consumidores.
Segundo a Afreximbank, com o PAPSS em funcionamento pleno, a África pode economizar cerca de 5 bilhões de dólares anuais em custos de transações, valor que atualmente se perde com o uso de moedas estrangeiras.
Integração financeira e pan-africanismo econômico
A decisão da Argélia é também um sinal político forte: ao aderir ao PAPSS, o país se coloca ao lado das nações que defendem a independência econômica da África e a redução da dependência de instituições financeiras internacionais que historicamente condicionaram as economias africanas.
Especialistas sublinham que a medida pode acelerar ainda mais a circulação de capitais dentro do continente, estimular o crescimento das pequenas e médias empresas e impulsionar os investimentos cruzados entre países africanos.
Desafios pela frente
Apesar do avanço, a integração plena ainda exige esforços adicionais, como:
Harmonização das políticas monetárias entre bancos centrais;
Expansão das infraestruturas digitais e financeiras;
Sensibilização do setor privado para aderir massivamente ao sistema.
Conclusão
Com esta decisão, a Argélia envia uma mensagem clara ao continente e ao mundo: a África caminha para sua autonomia financeira. O PAPSS surge como ferramenta-chave nesse processo, e a adesão argelina representa um marco para a consolidação de uma economia africana mais interligada, forte e independente.