Kananaskis, Canadá-Junho de 2025
Na sua sexta participação consecutiva como convidado em uma cúpula do G7, o Primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi, marcou presença na 51ª edição do encontro, realizada entre os dias 16 e 17 de junho, em Kananaskis, província de Alberta, no Canadá. Sua visita, a primeira ao território canadense em uma década, ocorreu em um momento delicado das relações diplomáticas bilaterais, mas também em meio a desafios geopolíticos globais que exigem uma nova abordagem multilateral.
Um Convite Estratégico
Modi foi convidado pelo Primeiro-Ministro canadense, Mark Carney, como parte das sessões de outreach do G7 encontros com líderes de países emergentes que influenciam a economia e a política internacional. O gesto foi interpretado por analistas como um esforço para integrar a Índia nas grandes decisões globais, especialmente no contexto energético e tecnológico.
Ao chegar a Calgary, Modi foi calorosamente recebido por milhares de membros da diáspora indiana, que encheram as ruas com bandeiras e aplausos, dando um tom simbólico à visita.
Prioridades: Energia, Tecnologia e Sul Global
No centro da participação indiana estiveram três eixos fundamentais:
1. Segurança Energética: Em um cenário internacional de instabilidade e de transição ecológica, Modi defendeu o acesso justo à energia para os países em desenvolvimento e o reforço das parcerias em fontes renováveis.
2. Tecnologia e Inovação: A Índia tem investido fortemente em inteligência artificial e computação quântica. Modi apresentou projetos indianos de avanço tecnológico e defendeu uma governança ética global da IA.
3. Sul Global em Evidência: Com firmeza, Modi reiterou que o mundo em desenvolvimento não pode continuar à margem das decisões globais. Pediu inclusão, equidade nos fóruns internacionais e o fim das políticas neocoloniais disfarçadas de ajuda internacional.
Reaproximação Índia–Canadá
Desde o agravamento das tensões diplomáticas em 2023, após o assassinato do ativista sikh Hardeep Singh Nijjar em território canadense, as relações entre Índia e Canadá passaram por uma fase de congelamento. A presença de Modi na cúpula simboliza uma tentativa clara de reconciliação diplomática.
Nos bastidores, fontes revelaram que houve uma conversa direta entre Modi e Carney, com propostas de retomar as negociações comerciais, nomear novos altos comissários e criar um comitê conjunto de diálogo sobre segurança e cooperação consular.
Reações e Controvérsias
Apesar do clima de cooperação, o convite a Modi gerou forte contestação por parte de organizações da comunidade sikh no Canadá. Elas acusaram o governo indiano de violações de direitos humanos e criticaram o governo canadense por “normalizar o autoritarismo”.
Em resposta, Mark Carney declarou que a Índia é um ator fundamental nas cadeias globais de suprimentos, especialmente no fornecimento de minerais críticos e no equilíbrio climático. “Ignorar a Índia seria fechar os olhos à realidade geopolítica do século XXI”, afirmou.
Conclusão: A Índia como ponte entre mundos
A participação de Narendra Modi no G7 foi mais do que simbólica: representou uma afirmação de que o Sul Global quer e precisa participar das grandes decisões mundiais. Em Kananaskis, a Índia não foi apenas ouvinte: foi voz ativa.
Ao mesmo tempo, o encontro abriu uma janela de oportunidade para reconstruir os laços diplomáticos com o Canadá, após anos de desconfiança mútua. Como grande economia emergente, a Índia se posiciona cada vez mais como um elo entre o Ocidente industrializado e os países em desenvolvimento que lutam por reconhecimento e justiça global.