22Mai
Introdução: a juventude como potência adiada

Por décadas, a juventude africana foi tratada como promessa “a esperança da nação”, “o futuro do país”. Mas o futuro nunca chega para quem é mantido sempre à espera.
Hoje, é hora de afirmar que a juventude não é apenas o amanhã-ela é o agora.

Em bairros, universidades, movimentos sociais, meios digitais e espaços culturais, são os jovens que lideram, resistem e constroem alternativas reais para suas comunidades. Contudo, continuam a enfrentar bloqueios institucionais, desprezo político e exclusão social.

Liderança juvenil além da política formal

A juventude tem demonstrado uma liderança para além dos partidos, das campanhas e das urnas. Nas cidades africanas, multiplicam-se:

– Mobilizações espontâneas contra injustiças;
– Iniciativas comunitárias de educação, limpeza e cultura;
– Plataformas digitais de denúncia e informação crítica;
– Coletivos de arte, empreendedorismo e transformação local.

É uma liderança horizontal, criativa e enraizada na realidade, que contrasta com a velha política centralizadora, conservadora e, muitas vezes, ineficaz.

Os bloqueios institucionais: quando o velho teme o novo

Apesar da sua energia, a juventude é sistematicamente afastada dos espaços formais de decisão. Os obstáculos são diversos:

– Idade mínima elevada para cargos políticos;
– Partidos controlados por gerações que se eternizam no poder;
– Discurso institucional que infantiliza e silencia o jovem crítico;
– Ausência de apoio a formação política e participação cívica.

O sistema teme a renovação-e por isso deslegitima a ousadia juvenil.

A juventude como força transformadora da sociedade africana

A juventude africana é o maior recurso do continente. Ela representa:

– Força demográfica: mais de 60% da população tem menos de 30 anos;
– Força cultural: protagonismo nas artes, nas ruas, nas linguagens;
– Força intelectual: jovens jornalistas, pesquisadores, ativistas e inovadores sociais;
– Força digital: conectada, informada e crítica.

Sem juventude, não há renovação. Sem voz jovem, não há democracia viva.

Liderar com consciência, não com vaidade

A verdadeira liderança juvenil não é vaidade nem desejo de poder pelo poder.
É expressão de consciência histórica, coragem coletiva e responsabilidade moral.

– Não basta protestar-é preciso propor.
– Não basta ocupar-é preciso construir.
– Não basta liderar- é preciso servir.

O desafio não está apenas em “tomar o poder”, mas em reinventar o modo de exercer a liderança.

Conclusão: a hora é agora

A juventude africana já não espera convites. Ela ocupa, cria, transforma.
Mas para que floresça plenamente, precisa de:

– Reconhecimento institucional real;
– Apoio à sua formação política e técnica;
– Espaços seguros para liderar com liberdade e consciência.

A juventude não quer herdar ruínas – quer construir dignidade. E esse futuro começa hoje, com escolhas que valorizem seu protagonismo.

Citação :

Quando a juventude lidera com consciência, a sociedade reencontra o seu caminho.

Sempa Sebastião