Introdução: África no centro da nova ordem global
A cooperação internacional entre África e o mundo está em plena transformação. Deixando para trás o modelo tradicional de dependência da ajuda externa, o continente africano começa a afirmar-se como parceiro estratégico, buscando relações mais equitativas, baseadas na soberania, no respeito mútuo e no desenvolvimento sustentável.
Neste artigo, analiso os desafios, as oportunidades e os caminhos possíveis para uma nova forma de cooperação, que coloca África não como recipiente passivo de ajuda, mas como protagonista do seu próprio destino.
1. Do modelo Norte–Sul à Cooperação Sul–Sul: uma mudança de paradigma
Historicamente, a cooperação internacional com África foi dominada por relações assimétricas com países do Norte Global, muitas vezes marcadas por condicionalidades políticas e interesses unilaterais. Porém, nos últimos anos, observa-se uma crescente valorização da Cooperação Sul–Sul, por meio da qual países africanos estabelecem parcerias com nações emergentes, como o Brasil, a China e a Índia.
Neste contexto, os países africanos têm encontrado maior margem de decisão, construindo modelos de colaboração que privilegiam a troca de conhecimentos, a transferência de tecnologia e o respeito à soberania nacional.
2. A busca pela autossuficiência: além da ajuda externa
A dependência histórica de África em relação à ajuda internacional tem sido alvo de crescentes críticas por parte de intelectuais e líderes africanos. Cada vez mais se defende a urgência de uma transição para modelos sustentáveis de desenvolvimento, baseados no investimento interno, no comércio justo e na produção local.
Como afirmou o ex-presidente queniano Uhuru Kenyatta, “não se constrói uma nação com doações, mas com autonomia e trabalho”. Esta mudança de mentalidade é essencial para que o continente assuma o controle dos seus próprios recursos e caminhos.
3. Integração regional e comércio intra-africano: o exemplo da AfCFTA
A criação da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA) representa um marco histórico na integração regional. Com a redução de barreiras alfandegárias entre os países africanos, esta iniciativa visa estimular o comércio interno, fortalecer as cadeias de valor regionais e aumentar a competitividade da economia africana no cenário global.
Trata-se de uma ferramenta estratégica que permite negociar com blocos internacionais em posição mais favorável, sem depender exclusivamente das grandes potências.
4. Cooperação internacional e desenvolvimento sustentável
A cooperação internacional ainda desempenha um papel relevante, sobretudo em áreas como saúde, educação, agricultura e infraestruturas. No entanto, ela só é eficaz quando parte de princípios de equidade, soberania e alinhamento com as prioridades definidas pelos próprios africanos.
Não basta transferir recursos. É preciso respeitar a diversidade do continente e investir na capacitação institucional africana, combatendo as formas subtis de neocolonialismo disfarçadas de parceria.
Conclusão: África como arquiteta do seu futuro
O tempo da dependência terminou. África já não deve ser vista como continente frágil e carente, mas como espaço de inovação, riqueza e possibilidades. A nova cooperação internacional deve reconhecer esse potencial, promovendo relações horizontais e estratégias de desenvolvimento que valorizem a autonomia dos povos africanos.
A integração continental, o fortalecimento das instituições e a diversificação das parcerias são caminhos fundamentais para que o continente se afirme com dignidade e liderança no cenário global.
Frase de encerramento:
A verdadeira cooperação internacional é aquela que empodera, respeita e caminha lado a lado com os povos africanos em sua jornada rumo ao desenvolvimento sustentável.
Sempa Sebastião