A primeira viagem oficial da Presidente da Namíbia, Netumbo Nandi-Ndaitwah, não é apenas um gesto de cortesia diplomática. É uma mensagem cuidadosamente pensada, que fala com clareza à memória, à geografia e ao futuro de África. Ao escolher Angola como o seu primeiro destino como Chefe de Estado, ela não está apenas a visitar um país vizinho está a reafirmar uma aliança histórica marcada pelo sacrifício, pela solidariedade e pela visão de uma África unida.
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Esta não é uma visita comum. É uma saudação aos combatentes anónimos de ontem e um apelo aos líderes de hoje.
Angola foi um dos grandes pilares da luta pela independência da Namíbia. Durante os anos sombrios do colonialismo, a SWAPO encontrou em solo angolano não apenas abrigo, mas apoio logístico, moral e político. Os dois povos partilharam não apenas fronteiras, mas trincheiras, campos e esperanças. Essa cumplicidade forjada na luta é hoje transformada numa cooperação estratégica da segurança à economia, da cultura ao comércio.
Mas essa visita carrega também o peso simbólico de um novo tempo: pela primeira vez, uma mulher lidera a República da Namíbia. Netumbo Nandi-Ndaitwah representa a força das mulheres africanas que romperam o silêncio histórico e chegaram ao comando. E a sua escolha de Angola como primeiro país visitado mostra que as raízes contam mas que o futuro exige compromisso.
Num continente ainda marcado por instabilidade, esta visita é também um gesto de paz, de unidade e de reafirmação do panafricanismo verdadeiro. Entre dois países irmãos que partilham uma fronteira viva e interesses convergentes, Angola e Namíbia podem ser exemplo de uma diplomacia africana que nasce da história, mas se orienta pelo futuro.
Hoje, África precisa de sinais claros de liderança, sobriedade e cooperação. E esta visita é exatamente isso: um sinal claro.